terça-feira, 6 de julho de 2010

Sobre Expectativa, Relacionamento, Prontidão e Si-Mesmo.

Ao terminar de ler um livro, o qual considero uma obra prima (A CABANA), uma centena de questionamentos me invadiram a cabeça. E com eles, as respostas para aquilo que eu considerava correto acreditar. Comecei a pensar nos Mandamentos. Mas como assim Mandamentos? Os de Deus, os de Cristo? Sim, eles mesmos. Não matarás, roubarás, julgarás, amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo... e assim segue. Isso, biblicamente falando, nos levaria a salvação eterna. Guiar-nos-ia ao caminho do bem. Mas qual de nós é suficiente bom ou correto, para cumprir tais Leis. E repare, refiro-me a Leis, por que são exatamente o que são. Como o próprio nome sugere, são normas “Cristãs” para alcançar a salvação. O que mais me intriga nessa questão é: - Onde se encaixa o Livre-Arbítrio numa crença onde existem normas, Leis, Mandamentos? Nesse ponto, me cabe a dúvida de uma distorção, entre a política religiosa e a Prontidão de Deus sobre nossos atos. É, Prontidão, não expectativa. Colocando-se Deus na expectativa dos nossos acertos, estaria Ele nos castrando do direito do erro, haveria a decepção de sua parte, pois inevitavelmente erramos, aliás, fomos feitos pra isso e a partir disso, do nosso erro, buscar a perfeição. Do contrário, não teríamos o Livre-Arbítrio, e não seria Ele, o Deus perfeito, tal qual nos pregaram em tantas oportunidades. De contra partida, estando Ele de Prontidão a nós, usufruímos de nosso poder de mudança, carta branca que nos foi concedida desde o começo da humanidade, amparados em qualquer momento de necessidade.

O que digo pode parecer confuso nesse primeiro momento, mas me farei entender, utilizando como base um exemplo que li no livro citado acima: Quando nos relacionamos, seja qual for o universo da relação, só podem existir dois tipos de sentimentos e esses não convivem no mesmo universo afetivo, ou seja, ou o que vos une é um, ou o outro. Refiro-me ao sentimento de Expectativa, e o do Prontidão. Uma amizade, por exemplo. Quando o sentimento que une você e um amigo, são de expectativa, em algum momento, essa amizade tende a se desfazer. Pois um fará valer do seu direito do erro, levando o outro à decepção e tristeza. E isso não tem nada haver com o amigo protagonista do erro, tem haver com o outro, o que se sentiu traído, magoado. Tem haver com a projeção que fazemos no outro, de um ser incapaz do erro, erro esse que também intimamente não somos capazes de assumir que poderíamos ter cometido. Em suma, projeta-se no outro, tudo que não queremos pra nós. Um pré julgamento, um preconceito, uma definição “concisa” do que o outro é. Castrando-o assim do seu direito de erro, do seu Livre-Arbítrio. Se ao invés da expectativa, criarmos um relacionamento baseado na Prontidão, a vontade de relacionar-se passa a co-existir, dando espaço principalmente na nossa projeção no outro. Não esperamos que o outro sempre acerte, por que acreditamos em nosso próprio erro, não o julgamos, por que não gostamos de ser julgados, não taxamos de perfeito, por que sabemos que perfeição não nos comporta. Mas estamos sempre prontos a entendê-los e ouvi-los e aceitá-los como são, por que é assim que gostaríamos de sermos amados. Aí você me pergunta: - Então o relacionamento baseado na Prontidão, é maior que o baseado no amor e nele não comporta a tristeza e decepção? Não! O relacionamento de Prontidão nada mais é que o próprio amor na sua incondicionalidade, e nele existe sim a tristeza e a decepção, mas existe acima de tudo Prontidão, ou seja, Amor Incondicional. Como amar os filhos. Não os deixamos de amar por que eles decidiram fazer, no seu uso de Livre-Arbítrio, uma escolha que não condiz com a que faríamos. Isso nos entristece, nos magoa, mas o amor que sentimos por eles continua lá, intactos.

O mesmo acontece nos demais relacionamentos. Se há a expectativa, haverá de conseguinte a tristeza, decepção e o fim.

Estendo também esse meu ponto de vista a relação com o Si-Mesmo. Não criando essa expectativa no meu relacionamento comigo, posso superar meus medos e limites. Por que cultivo a Prontidão em me perdoar. Não tenho que ser sempre certa, não preciso estar em estado de vigilância. O meu amor incondicional por mim me permite cometer erros, pra mim e para os outros. Pois sou segura de minha paz interior. E respeito os meus sentimentos. Aliás, mais que respeito, eu os encaro. A Prontidão a Si-Mesmo, vai muito além de fazer o bem, corresponde a fazer o certo, vai muito além da busca da Paz, pois acima dela e o caminho dela está diretamente ligado com encarar os medos. E isso não condiz com a auto-proteção. Aja a felicidade ser um risco. Procurar em pequenos atos um fio de harmonia consigo mesmo. Como as desculpas que damos, geralmente, ao esconder alguma coisa, fato, ou sentimento de alguém. No geral, dizemos que a omissão, é um escudo pra poupar o outro. Uma mentira foi dita pra preservar aquele que ouviria. Isso é a mais pura falta de coragem. O que nos leva a contar uma mentira, ou omitir um fato, nada mais é que a auto-preservação. Medo de encarar, não a reação alheia, mas falta de tato para se colocar na posição de receptor dessa reação. Soubéssemos nós, antecipadamente que a reação gerada por contar a verdade, será aceita de coração aberto, a mesma seria contada de imediato, pois não teríamos que encarar os efeitos em nós. Em suma, criamos expectativas em relação ao outro, por isso não confiamos nele integralmente, bem como criamos em nós, e assim não encaramos os nossos medos e o risco da verdade.

5 comentários:

Anônimo disse...

Estava dirigindo e ouvindo no rádio um poema de Drumondd cantado por Paulo Diniz. Nele uma frase me chamou a atenção..." e agora José? José, para onde?". De fato, para onde marchamos? em busca de quê? por quê? por quem?...????
Lendo seu texto,querida, reforcei ainda mais minhas ideias...Acabei por escrever esse texto que vos apresento...


Viver não é uma das atividades mais
fáceis de realizar. Saber viver, então, nem se fala.
Muitas pessoas na realidade apenas existem. Não sabem a que vieram e, sabe de uma coisa? Nem estão preocupadas nesse conteúdo ou não têm consciência que pode haver algo além da simples existência. Viver é muito mais complicado. Requer atributos inatos, que em alguns existentes estão atrofiados pelo desuso, além de atributos adquiridos a cada janeiro vivido.
Poderíamos empiricamente listar
como atributos inatos: capacidade para desenvolver a sensibilidade, a gentileza, o perdão, a inteligência emocional para o bom convívio com os demais seres e a natureza, entre outros.
Os atributos adquiridos,ao meu ver,
dependem de alguns fatores mais específicos, os quais farão a grande diferença durante a vida do
homem, muitas vezes, determinando seu lugar na família, comunidade, sociedade ou até na história.
Poderíamos listar: clã de origem, religião de escolha ou imposta, país onde nasceu, momento histórico e por aí vai.
Lembremos que para Jean Jaques
Rousseau, o homem nasce bom e é corrompido pela sociedade. Mas quem a constituiu, se não os
homens? Se considerarmos as diferentes raças humanas cada uma com características sociais que
lhes são peculiares?
Poderíamos imputar a formação das
sociedades como as conhecemos hoje à preservação das diferentes raças humanas...

OBS: continua em outo post( aqui não coube tudo) hahahaahaha

Anônimo disse...

... FINALIZANDO...

Algumas vezes, a humanidade teve
que lutar contra as idéias de Darwin, interpretadas inadequadamente por representantes de algumas nações, onde algumas raças ao invés de terem sido
subjugadas bélica e moralmente, poderiam ter sido dizimadas definitivamente pelos mais “fortes e aptos” na luta, não pela sobrevivência, mas pelo
poder e riquezas existentes em nosso planeta.
Viver requer bom senso, uso
coerente de seu aparelho de julgamento, ética com os pares e com a humanidade e a natureza.
O imposto que a vida cobra pela
aquisição do aprendizado sobre como viver não é pequeno, porém o investimento que se faz, com
certeza ainda vale a pena.
A construção das sociedades foi, é
muito importante para a evolução organizacional e tecnológica da humanidade; porém, a imposição na
forma e no estilo de viver, feita pelo modelo socioeconômico vigente em determinada época, favorece ao desenvolvimento da “matrix” social.
Dessa forma, contribui pouco, nada ou negativamente para a evolução natural dos aspectos emocionais e espirituais dos indivíduos e de como eles podem efetivamente viver.
A passagem da infância para fase
adulta tira do indivíduo o riso fácil, a espontaneidade, a verdade sem subterfúgios, diminui sua capacidade de recuperação diante das frustrações, de fazer amigos e de mostrar-se confiável e confiante diante do outro.
Ser adulto na “matrix” social criada pelo homem é ser refém das exigências, imposições e controle oficial ou do inconsciente coletivo, realizado pelos órgãos ali constituídos e que marcham, muitas vezes, em direção contrária ao crescimento individual.
O “corpo” social se faz viril à custa do padecimento da sua unidade celular básica: o homem.
Se fizermos um comparativo, mesmo
que subjetivamente e sem o rigor do estudo científico milimétrico; entre a evolução econômica, tecnológica, acúmulo de riquezas, organização social e até comunitária, e o crescimento de valores altruístas de solidariedade, gentileza, afeto e ética do ser humano individual ou coletivamente, teremos uma grande impressão, mesmo que subjetiva, de
uma considerável diferença exponencial a favor dos primeiros. As riquezas mundiais se multiplicaram,enquanto o homem continua ceifando a vida de um
par por motivos banais.
Estamos entrando no terceiro milênio e perfazemos mais de seis séculos de hegemonia do pensamento crítico e científico. A idade média, conhecida como idade das trevas foi assim
condenada por sua “estagnação” na evolução econômica da humanidade.
Não quero e nem posso negar o
benefício que é uma expectativa de vida próxima de cem anos, em algumas sociedades, as facilidades de deslocamento e informação, o conforto que hoje gozamos, frutos do raciocínio e rigor metodológico.
Não proponho o retorno aos feudos.
No entanto, proponho uma discussão:
Não estaria na hora de fazermos com que a ciência, hoje preconceituosa, vaidosa e arrogante, buscasse contribuir, não apenas para o crescimento das
nações, mas também, para acelerar descobertas sobre formas de garantir que os atributos inatos
sejam utilizados por todos em benefício do todo e do planeta?. Dessa forma o homem deixaria de ser
apenas fragmentos descontínuos da sociedade.
Não falo de psicologia com
explicações técnicas das sensações humanas. Falo de encontrar maneiras que estimulem a gentileza,
como um bom dia entre pessoas ao se encontrarem, solidariedade com a dor e dificuldade do outro, do
amor franciscano e não do que barganha (se te ofereço, quero em dobro), da ética em casa e no
trabalho, da libertação dos preconceitos, aprendendo a conviver bem com as diferenças entre os pares, ou mesmo, com os diferentes.
Até quando teremos nações ricas,
organizadas e eficientes com pobres homens bárbaros.

Anônimo disse...

Acabei por repetir a finalização do texto( apaga um!) Coisa de quem vive no mundo da lua.hahaahahaa

Eis minha humilde colaboração em seu grandioso blog!

Abraço,

Admirador secreto.

Thays Brayner disse...

Nossa, quanto tempo...
Só um detalhe no seu comentário: Por que vc não começa um blog pra vc, hem? Vc não comentou esse post. Discursou sobre o mesmo. kkkkk. Brincadeira! Muito bom seu texto, explorador, profundo... Volte sempre.

Anônimo disse...

hahaha
Ah,queres comentário do seu texto?
O que poderia dizer?! SIMPLESMENTE COMPLEXO,PORÉM SIMPLES! Demais,seria redundância diante das suas palavras...