sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

ADAPTADA

Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, cantora, mágica, poetisa.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de brigadeiro.
Já me cortei depilando as pernas.
Já chorei ouvindo música a noite.
Já tentei esquecer algumas pessoas,
Mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas.
Já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda e doeu, doeu muito.
Já fiz juras eternas e não fosse pela distancia imposta, as teria cumprido.
Já escrevi no muro da escola.
Já chorei sentado no chão do banheiro.
E me olhando no espelho.
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr do sol cor de rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi vodka até sentir dormentes os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro.
Já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor,
Mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém encantador.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua.
Já gritei de felicidade.
Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre,
Mas sempre era um "para sempre" pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo,
Mas descobri que logo chegam novos,
E a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas,
Momentos fotografados pelas lentes da emoção,
Guardados num baú, chamado coração.
E agora essa questão me interroga, me encosta na parede e grita:
Quem sou eu?".
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: eu.....eu...........
Será que ser "plantador de sorrisos" é um bom quem sou eu?
Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:
Quem sou eu? Quem sabe? se a todo momento tudo se renova...?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

ESPELHO.

Eu te olhei e tu choravas.
Procurei teus motivos, tuas razões, tuas mágoas.
Mas só via as lágrimas.
Estendi a mão pra limpar teu rosto.
E tua mão me empediu.
Querias os soluços de tuas tristezas.
E deixei encontrá-las.
Olhas-te perto, alí atras.
Toquei o meu próprio rosto.
Eis que teu pranto me molhava.
Não fui tua amiga.
Quis ver-te chorar.
E quando percebi teu cansaço,
Dei-te as costas, não fiquei a te olhar.