quarta-feira, 21 de julho de 2010

Num Inverno

Uma composição minha e de Axills.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sobre Expectativa, Relacionamento, Prontidão e Si-Mesmo.

Ao terminar de ler um livro, o qual considero uma obra prima (A CABANA), uma centena de questionamentos me invadiram a cabeça. E com eles, as respostas para aquilo que eu considerava correto acreditar. Comecei a pensar nos Mandamentos. Mas como assim Mandamentos? Os de Deus, os de Cristo? Sim, eles mesmos. Não matarás, roubarás, julgarás, amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo... e assim segue. Isso, biblicamente falando, nos levaria a salvação eterna. Guiar-nos-ia ao caminho do bem. Mas qual de nós é suficiente bom ou correto, para cumprir tais Leis. E repare, refiro-me a Leis, por que são exatamente o que são. Como o próprio nome sugere, são normas “Cristãs” para alcançar a salvação. O que mais me intriga nessa questão é: - Onde se encaixa o Livre-Arbítrio numa crença onde existem normas, Leis, Mandamentos? Nesse ponto, me cabe a dúvida de uma distorção, entre a política religiosa e a Prontidão de Deus sobre nossos atos. É, Prontidão, não expectativa. Colocando-se Deus na expectativa dos nossos acertos, estaria Ele nos castrando do direito do erro, haveria a decepção de sua parte, pois inevitavelmente erramos, aliás, fomos feitos pra isso e a partir disso, do nosso erro, buscar a perfeição. Do contrário, não teríamos o Livre-Arbítrio, e não seria Ele, o Deus perfeito, tal qual nos pregaram em tantas oportunidades. De contra partida, estando Ele de Prontidão a nós, usufruímos de nosso poder de mudança, carta branca que nos foi concedida desde o começo da humanidade, amparados em qualquer momento de necessidade.

O que digo pode parecer confuso nesse primeiro momento, mas me farei entender, utilizando como base um exemplo que li no livro citado acima: Quando nos relacionamos, seja qual for o universo da relação, só podem existir dois tipos de sentimentos e esses não convivem no mesmo universo afetivo, ou seja, ou o que vos une é um, ou o outro. Refiro-me ao sentimento de Expectativa, e o do Prontidão. Uma amizade, por exemplo. Quando o sentimento que une você e um amigo, são de expectativa, em algum momento, essa amizade tende a se desfazer. Pois um fará valer do seu direito do erro, levando o outro à decepção e tristeza. E isso não tem nada haver com o amigo protagonista do erro, tem haver com o outro, o que se sentiu traído, magoado. Tem haver com a projeção que fazemos no outro, de um ser incapaz do erro, erro esse que também intimamente não somos capazes de assumir que poderíamos ter cometido. Em suma, projeta-se no outro, tudo que não queremos pra nós. Um pré julgamento, um preconceito, uma definição “concisa” do que o outro é. Castrando-o assim do seu direito de erro, do seu Livre-Arbítrio. Se ao invés da expectativa, criarmos um relacionamento baseado na Prontidão, a vontade de relacionar-se passa a co-existir, dando espaço principalmente na nossa projeção no outro. Não esperamos que o outro sempre acerte, por que acreditamos em nosso próprio erro, não o julgamos, por que não gostamos de ser julgados, não taxamos de perfeito, por que sabemos que perfeição não nos comporta. Mas estamos sempre prontos a entendê-los e ouvi-los e aceitá-los como são, por que é assim que gostaríamos de sermos amados. Aí você me pergunta: - Então o relacionamento baseado na Prontidão, é maior que o baseado no amor e nele não comporta a tristeza e decepção? Não! O relacionamento de Prontidão nada mais é que o próprio amor na sua incondicionalidade, e nele existe sim a tristeza e a decepção, mas existe acima de tudo Prontidão, ou seja, Amor Incondicional. Como amar os filhos. Não os deixamos de amar por que eles decidiram fazer, no seu uso de Livre-Arbítrio, uma escolha que não condiz com a que faríamos. Isso nos entristece, nos magoa, mas o amor que sentimos por eles continua lá, intactos.

O mesmo acontece nos demais relacionamentos. Se há a expectativa, haverá de conseguinte a tristeza, decepção e o fim.

Estendo também esse meu ponto de vista a relação com o Si-Mesmo. Não criando essa expectativa no meu relacionamento comigo, posso superar meus medos e limites. Por que cultivo a Prontidão em me perdoar. Não tenho que ser sempre certa, não preciso estar em estado de vigilância. O meu amor incondicional por mim me permite cometer erros, pra mim e para os outros. Pois sou segura de minha paz interior. E respeito os meus sentimentos. Aliás, mais que respeito, eu os encaro. A Prontidão a Si-Mesmo, vai muito além de fazer o bem, corresponde a fazer o certo, vai muito além da busca da Paz, pois acima dela e o caminho dela está diretamente ligado com encarar os medos. E isso não condiz com a auto-proteção. Aja a felicidade ser um risco. Procurar em pequenos atos um fio de harmonia consigo mesmo. Como as desculpas que damos, geralmente, ao esconder alguma coisa, fato, ou sentimento de alguém. No geral, dizemos que a omissão, é um escudo pra poupar o outro. Uma mentira foi dita pra preservar aquele que ouviria. Isso é a mais pura falta de coragem. O que nos leva a contar uma mentira, ou omitir um fato, nada mais é que a auto-preservação. Medo de encarar, não a reação alheia, mas falta de tato para se colocar na posição de receptor dessa reação. Soubéssemos nós, antecipadamente que a reação gerada por contar a verdade, será aceita de coração aberto, a mesma seria contada de imediato, pois não teríamos que encarar os efeitos em nós. Em suma, criamos expectativas em relação ao outro, por isso não confiamos nele integralmente, bem como criamos em nós, e assim não encaramos os nossos medos e o risco da verdade.